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O clima da Terra está passando por mudanças globais adversas como resultado do aumento das emissões antropogênicas de gases de efeito estufa. O clima representa o fator agroecossistema mais importante que influencia os estágios do ciclo de vida dos fungos e sua capacidade de colonizar as culturas, sobreviver e produzir toxinas, espera-se uma mudança em sua distribuição geográfica e no padrão de ocorrência de micotoxinas
A experiência dos anos anteriores e os modelos de previsão beneficiando-se das mais novas técnicas (transcriptômica, microarranjo, qPCR) ajudam a avaliar a relação entre os fatores de estresses ambientais e os processos bioquímicos que regulam a produção de micotoxinas.
Com temperaturas mais quentes, prevê-se que A. flavus (produtor de aflatoxina) supere A. carbonarius (produtor de ocratoxina) e Penicillium spp. (produtos de OTA e PAT).
Recentemente no Sul e Leste da Europa, anos com clima mais quente e seco do que o habitual, influenciaram o crescimento de fungos nas culturas, com maior ocorrência de A. flavus em detrimento de Fusarium spp. Isto correlaciona uma maior incidência de contaminação por aflatoxina nesta região, não considerada anteriormente em risco de aflatoxinas. Alguns modelos preveem um aumento (até 50%) da ocorrência de AFM1 no leite até 2030.
Enquanto isso, no sul, centro e Sudeste da Ásia, maiores chuvas resultaram em altos níveis de AFB1.
Fusarium tolera uma ampla gama de temperaturas e requer alta atividade de água (aw) para se desenvolver. Assim, sua ocorrência (em particular F. graminearum) pode aumentar na Europa Central e do Norte, que deve ser mais úmida até 2050.
Prevê-se um aumento no nível de CO2 em 2,5 vezes a biomassa do Fusarium, sem afetar a produção de micotoxina. Enquanto isso, o crescimento da fumonisina está estritamente relacionado às condições climáticas, e a recente variação climática influencia sua distribuição, como observado com um aumento na Europa Central.
Em geral, as evidências sugerem que a mudança climática afetará negativamente as culturas em todo o mundo em termos de perda de áreas de cultivo, resultando em maior suscetibilidade à contaminação por fungos e um aumento na contaminação por micotoxina. No entanto, são necessárias mais pesquisas para obter uma visão mais abrangente dos efeitos da mudança climática sobre a ocorrência de fungos e micotoxinas.
Referência: Zingales et al., 2022. Climate Change and Effects on Molds and Mycotoxins. Toxins, 14, 445 https://doi.org/10.3390/toxins14070445.